A população mundial vem passando por uma transição demográfica
significativa ao longo dos anos e o aumento de idosos em várias partes do
mundo; traz consigo, uma maior prevalência das grandes síndromes
geriátricas; dentre as principais está a queda. Segundo Moura e seus
colaboradores, em 1999, a queda pode ser definida “como um evento não
intencional que resulta na mudança de posição do indivíduo para um nível
mais baixo em relação a sua posição inicial”.
As lesões resultantes de quedas são um problema de saúde pública, que
causa impacto social em muitos países com avançado índice de
envelhecimento populacional. A proporção do número de quedas em idosos
que vivem em comunidade varia entre os países e observa-se na região das
Américas uma prevalência de 20% no Canadá, 35% no Chile, no Brasil nos
últimos dois anos houve uma prevalência entre 10% e 35% de quedas na
população estudada. Já entre os idosos europeus 19,4% dos irlandeses
relataram quedas no último ano e 28,4% dos ingleses caíram nos últimos
dois anos.
As quedas na população idosa são frequentes e determinam complicações
que alteram negativamente a qualidade de vida, dada as repercussões para a saúde da população idosa mundial, além disso; implicam custos econômicos e sociais elevados, principalmente quando há comprometimento da independência do indivíduo e necessidade de cuidados especializados em domicílio ou em instituições por longo período de tempo.
De acordo com o Ministério da Saúde brasileiro; o SUS (Sistema Único de
Saúde) gasta a cada ano mais de 51 milhões com o tratamento de
complicações decorrentes de quedas e mais de 24 milhões em
medicamentos para tratamento da osteoporose, doença que causa
fragilidade nos ossos principalmente em mulheres pós menopausa. As
estatísticas mundiais comprovam a gravidade do problema. Segundo o
departamento médico de geriatria da Santa Casa de São Paulo, mais de 30%
dos idosos que fraturam o fêmur morrem em um ano, além de todas as
complicações que estão associadas as cirurgias nessa população. Em uma revisão de literatura realizada por Ambrose e Paul em 2013, sobre
os fatores de risco para quedas em idosos; e outro estudo realizado por
Sherrington e colaboradores em 2016 sobre a prática de exercícios para
prevenir quedas em idosos, ficou evidenciado como principais fatores de
risco para quedas a falta de equilíbrio, a marcha comprometida e a
diminuição da força muscular. Para o ministério da saúde as causas das
quedas podem estar relacionadas ao ambiente externo como, calçadas
inadequadas, iluminação, tapetes; ou ao próprio indivíduo que possivelmente
esteja frágil em algum aspecto (visual, tato, equilíbrio), pela perda da força
muscular entre outros.
Para reduzir o índice de quedas futuras a prática de exercício físico regular é o mais citado como importante aliado para neutralizar os efeitos fisiológicos negativos do processo de envelhecimento, melhorar força, flexibilidade e equilíbrio; além do bem estar físico e mental dos idosos.
Uma vez que os idosos têm dificuldade, insegurança e em muitas vezes
medo em realizar exercícios no ambiente terrestre, podemos citar que os
exercícios realizados em meio liquido, ou seja, exercícios aquáticos, são uma importante estratégia na melhora da condição física da população idosa.
Os exercícios aquáticos ou comumente conhecido pela população como
“hidroginástica” tem seus benefícios, porém acredita-se que são mais sociais do que físicos, Aboarrage, 2007 desenvolveu um programa de exercícios na água denominado “Hidrotreinamento” ou seja treinamento de força e potência na água, que além de proporcionar um ambiente com impacto reduzido nas articulações, os indivíduos podem exercitar-se sem risco de quedas e assim concentrar-se em fazer as melhorias físicas. Para corroborar com essa afirmativa, em estudo recente realizado por Aboarrage e colaboradores em dezembro de 2018, um grupo de idosas pós menopausa, foi submetido a um programa de treinamento aquático de alta intensidade baseado em saltos.
Após 24 sessões de treinamento com duração de 30 minutos, observou-se
através do programa, um aumento significativo na densidade mineral óssea e na aptidão funcional dessas mulheres e consequentemente uma diminuição no número de quedas entre as idosas estudadas.
Com base em estudos a população idosa precisa se envolver em atividades
físicas que gerem força e potência principalmente para os membros inferiores para aumentar sua autonomia e equilíbrio evitando a queda em momentos inesperados.
Para concluir alertamos a todos os idosos que já se envolvem em aulas de
hidroginástica, que passar a aula inteira conversando e imaginar que está se beneficiando fisicamente; é um engano, pois este tipo de conduta beneficia a parte social. Contudo, vale lembrar que para conseguir prevenir a queda as conversas durante a aula não são aliadas.
De tudo que foi abordado até aqui a respeito do envelhecimento da
população e das quedas, suas causas e consequências, em âmbito mundial
sugerimos uma nova abordagem de cuidados e prevenção de quedas para
população que vem crescendo de forma significativa.
Autor: Nino Aboarrage
Profissional de Educação Física
Doutorando em Fisiologia do Exercício
Mestre em Motricidade Humana
Especialista em Treinamento Desportivo